O advogado Márcio Coutinho analisa como a lei tenta responder ao crescimento das notícias falsas nas campanhas.
O advogado Márcio Coutinho analisa como a lei tenta responder ao crescimento das notícias falsas nas campanhas.
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Fake news e propaganda eleitoral: o Novo Código está preparado para o desafio digital?

Márcio Coutinho, advogado especialista em Direito Eleitoral, destaca a urgência de avaliar se o arcabouço legal vigente, especialmente o Novo Código Eleitoral, está devidamente preparado para enfrentar a sofisticação e a velocidade com que as fake news se propagam online. A proliferação de desinformação não apenas distorce o debate público, mas também pode influenciar diretamente o resultado das eleições, minando a confiança nas instituições. 

O Cenário digital e a propagação das fake news na propaganda eleitoral

A internet e as redes sociais transformaram radicalmente a forma como a informação é consumida e compartilhada, impactando diretamente a propaganda eleitoral. Nesse novo cenário, a linha entre opinião e fato, muitas vezes, se esvanece, e a velocidade da propagação viral amplifica o potencial danoso das fake news. Para Márcio Coutinho, é fundamental reconhecer que a desinformação não se limita a textos; ela abrange imagens, vídeos manipulados e áudios editados, tornando a identificação e a responsabilização ainda mais complexas. 

Adicionalmente, a ascensão dos algoritmos de recomendação e das bolhas de filtro contribui para a polarização e a disseminação de desinformação. Indivíduos são expostos predominantemente a conteúdos que reforçam suas crenças preexistentes, o que pode dificultar a aceitação de fatos que contrariam suas visões de mundo. Isso cria um terreno fértil para que narrativas falsas se enraízem e sejam percebidas como verdadeiras por segmentos da população. 

O Novo Código Eleitoral: ferramentas e limitações no combate às fake news

O Novo Código Eleitoral representa um esforço significativo para atualizar a legislação brasileira diante dos desafios digitais, mas ainda se debate sua plena efetividade no combate às fake news e à propaganda eleitoral abusiva. Ele incorpora dispositivos que visam coibir a disseminação de informações sabidamente inverídicas que possam comprometer a lisura do pleito. 

Entretanto, a aplicação prática dessas normas enfrenta obstáculos, como a dificuldade em rastrear a origem e os propagadores de notícias falsas, bem como a velocidade da justiça eleitoral em reagir a conteúdos que se tornam virais em poucas horas. Márcio Coutinho salienta que a complexidade da prova e a necessidade de preservar a liberdade de expressão tornam a intervenção judicial um processo delicado.

No ambiente virtual, a fiscalização da propaganda se reinventa diante da velocidade das fake news.

No ambiente virtual, a fiscalização da propaganda se reinventa diante da velocidade das fake news.

A rápida evolução das tecnologias de inteligência artificial e de manipulação de mídias, como os deepfakes, por exemplo, exige que a lei esteja sempre um passo à frente para não se tornar obsoleta. A colaboração com plataformas digitais também é vista como um caminho promissor para agilizar a remoção de conteúdo ilícito.

Perspectivas e desafios futuros para o direito eleitoral no cenário digital

O futuro do combate às fake news na propaganda eleitoral exige uma abordagem multifacetada que combine aprimoramento legislativo, cooperação com plataformas digitais e educação cívica. O Dr. Márcio Coutinho expõe que a legislação deve ser flexível o suficiente para se adaptar às novas tecnologias e táticas de desinformação, sem cercear a liberdade de expressão. A colaboração com as empresas de tecnologia é fundamental para o desenvolvimento de mecanismos mais eficazes de identificação e remoção de conteúdo ilícito, além da promoção da transparência sobre o financiamento e a veiculação de anúncios políticos online.

Conforme elucida Márcio Coutinho, a educação da sociedade sobre os riscos da desinformação e o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico são igualmente importantes. Isso inclui campanhas de conscientização sobre a importância de verificar as fontes de informação e de questionar conteúdos que parecem excessivamente sensacionalistas ou tendenciosos. 

Assim, uma fiscalização contínua e a rápida atuação da justiça eleitoral, aliadas a um sistema robusto de denúncias, são cruciais para inibir a prática da desinformação. O desafio é complexo, mas a defesa da integridade do processo eleitoral e da democracia dependerá da capacidade de todos os atores envolvidos em se adaptar e agir proativamente no ambiente digital.

Autor: Beijamin Polonitvan

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