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A Luta Invisível por um Sonho: Os Bastidores do Visto EB-2 NIW

O sonho de viver legalmente nos Estados Unidos, exercendo a própria profissão com liberdade e segurança, tem levado muitos brasileiros a recorrerem ao visto EB-2 NIW. Esse tipo de visto, teoricamente voltado para profissionais com habilidades excepcionais e projetos de interesse nacional, promete a possibilidade de conquistar o green card sem a necessidade de uma oferta de trabalho. No papel, tudo parece claro. Mas, na prática, o processo pode esconder armadilhas perigosas e frustrações profundas.

É o que viveu J.L., um advogado brasileiro com uma trajetória consolidada. Após reunir um dossiê robusto e atender aos critérios exigidos pelo governo norte-americano, ele teve seu pedido negado — não apenas uma, mas duas vezes. Na segunda negativa, o parecer apresentava falhas gritantes, citando documentos ausentes e argumentos que não se aplicavam ao seu caso. Isso levantou um alerta preocupante: muitos pedidos são avaliados por oficiais administrativos do USCIS sem formação jurídica adequada e com grande margem de subjetividade.

Esses oficiais têm poder quase total sobre o destino de quem busca o EB-2 NIW. Mesmo diante de um processo bem fundamentado, podem negar o pedido com justificativas frágeis, muitas vezes baseadas em interpretações pessoais ou erros de análise. O problema não para por aí. A margem de apelação é limitada, e reverter uma decisão equivocada pode ser extremamente difícil — para não dizer impossível.

Além dos riscos burocráticos, há também uma questão ética envolvendo alguns profissionais da área de imigração. Muitos advogados evitam alertar seus clientes sobre a instabilidade do processo. Preferem reforçar a expectativa de sucesso, alegando que, com um bom currículo, as chances de aprovação são altas. No entanto, esse otimismo costuma vir acompanhado de contratos caros, que podem ultrapassar dezenas de milhares de dólares, sem qualquer garantia real de êxito.

Diversos brasileiros já enfrentaram situações semelhantes. Relatos em redes sociais e fóruns de imigração revelam histórias de pessoas que venderam imóveis, abandonaram carreiras e apostaram tudo na promessa de um futuro melhor — apenas para serem surpreendidas por uma recusa que parecia ignorar completamente seus méritos e esforços. Essas histórias não são exceções; elas se multiplicam a cada ano, à medida que mais pessoas entram no processo com base em expectativas distorcidas.

O visto EB-2 NIW pode, sim, ser um caminho legítimo para quem busca novas oportunidades nos Estados Unidos. Mas essa jornada exige mais do que currículo e boas intenções. É fundamental ter uma visão realista sobre o funcionamento do sistema, conhecer os riscos e entender que, muitas vezes, a decisão final não estará baseada apenas na qualidade do pedido, mas na subjetividade de quem o avalia.

A experiência de J.L. é um alerta para toda a comunidade brasileira que considera esse tipo de processo. É preciso pesquisar, se informar, buscar segundas opiniões e, principalmente, não cair na armadilha de acreditar em soluções fáceis. Imigrar é um projeto de vida que merece ser tratado com responsabilidade, clareza e preparação. Só assim o sonho pode deixar de ser apenas uma promessa e se tornar uma realidade possível — e justa.

Autor: Beijamin Polonitvan

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